Tudo o que você precisa saber sobre o Scrum: benefícios, aplicabilidade e exemplos práticos


Uma pesquisa realizada pelo Standish Group em 2015 sugere que projetos de desenvolvimento de software que utilizam Scrum ou métodos similares têm 3,5 vezes mais chances de sucesso. Eu li sobre essa pesquisa no livro "Scrum: Gestão Ágil para Produtos de Sucesso". Aliás, este artigo tem como base esse livro. (Veja as fontes de referência no final deste artigo).

 

Uma curiosidade: o Standish Group é uma empresa de consultoria especializada em análise de projetos de tecnologia da informação. Eles conduzem pesquisas para avaliar o sucesso de projetos de software e identificar fatores que contribuem para o êxito ou fracasso.

 

A pesquisa indica que projetos que adotam o Scrum ou métodos similares têm mais chances de sucesso. Outros métodos ágeis, como Kanban e Extreme Programming (XP), também podem ser considerados "métodos similares".

 

A pesquisa se concentra especificamente em projetos de desenvolvimento de software. Não encontrei nenhuma pesquisa citando o uso de Scrum em outras áreas além da criação de softwares.

 

Embora o Scrum seja amplamente utilizado no desenvolvimento de software, sua aplicação não se limita apenas a essa área. O Scrum foi originalmente desenvolvido para gerenciar projetos complexos de software, mas suas práticas e princípios têm sido adaptados e adotados em outras áreas, como gerenciamento de projetos, marketing, educação, pesquisa científica, entre outras.

 

1 - Gerenciamento de Projetos: O Scrum tem sido aplicado com sucesso em projetos de diversos setores, como construção civil, engenharia, eventos, marketing, consultoria, entre outros. A abordagem ágil do Scrum, com seus ciclos iterativos de trabalho e foco na colaboração e entrega de valor incremental, pode beneficiar projetos em várias indústrias.

2 - Marketing: Equipes de marketing têm adotado o Scrum para gerenciar campanhas, lançamentos de produtos e desenvolvimento de conteúdo. A natureza adaptativa do Scrum permite que as equipes de marketing respondam rapidamente às mudanças no mercado e obtenham feedback contínuo dos clientes.

3 - Educação: O Scrum também tem sido adotado no campo da educação. Algumas escolas e universidades têm aplicado princípios ágeis em salas de aula, incentivando a colaboração, autogestão e entrega incremental de resultados de aprendizagem.

4 -  Pesquisa científica: Pesquisadores têm explorado o uso do Scrum para gerenciar projetos de pesquisa científica. A abordagem ágil pode facilitar a colaboração entre os membros da equipe, a adaptação rápida às descobertas e a entrega de resultados iterativos.

 

Inclusive, já vi (mas ainda não tive a oportunidade de ler) um livro chamado "Scrum para Escritores".

 

Mas antes de falar mais sobre o Scrum, quero primeiro falar sobre por que os projetos falham.

 

Vou abordar os problemas primeiro para, em seguida, apresentar a solução.

 

Quando alguém ou alguma empresa te contrata ou contrata a sua agência para criar um software, são estabelecidas três coisas:

 

Custo;

Prazo;

Qualidade.

 

A pessoa/empresa que te contrata passa a descrição do software que ela precisa e te pergunta quanto custa para você fazer esse tipo de software e quando estará pronto.

 

Se sua casa precisa de um portão, quando você procura um serralheiro para construí-lo, a primeira coisa que você pergunta (depois de ter passado as medidas do portão) é: quanto custa?

 

Depois que o serralheiro passa o preço, ele deve dizer o prazo em que o portão ficará pronto.

 

O Celso Russomano sempre diz que quando você contrata um serviço, o prestador do serviço deve dizer o preço e o tempo em que o serviço estará pronto. Está na lei.

 

CDC, Art. 40 – O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços.

 

Quanto à qualidade, quando o portão estiver pronto, você espera que o portão esteja em boas condições, sem ferrugem, com boas soldas, que não caia sozinho na sua cabeça...

 

Estou mostrando o problema, agora vou te mostrar a solução que pode te ajudar com seus problemas: Scrum.

 

É muito importante que você saiba que não existe uma solução única que resolva todos os problemas.

 

Para começar, como seria possível criar uma solução única que resolva todos os problemas? Quais são todos os problemas? Como saber se foram catalogados todos os problemas que podem ocorrer? É possível ter conhecimento de todos os problemas que podem ocorrer?

 

Segundo: supondo que todos os problemas tenham sido catalogados. É possível criar uma única e exclusiva solução que resolva todos esses problemas? Como saber se essa solução realmente resolve todos os problemas? Mesmo que reuníssemos especialistas de diferentes áreas, como engenheiros, educadores, pessoal de marketing, etc., e todos esses especialistas dissessem: "Esta solução resolveu todos os meus problemas na minha área de atuação", isso comprovaria que essa solução resolve todos os problemas?

 

Scrum tem sido muito utilizado em outras áreas que não sejam a criação de software. Mas isso não significa que ele consiga resolver todos os problemas.

 

Scrum funciona muito bem em combinação com outras técnicas.

 

Normalmente, na criação de algum produto, é definida uma documentação longa (já ouvi dizer que essa "longa" é "muito longa") com todas as funcionalidades (ou seja, todas as funcionalidades) que o produto terá quando estiver pronto.

 

Ou seja, se o cliente decidir que o produto terá mudanças no meio do caminho, essas mudanças não serão muito bem vistas.

 

Já ouvi casos de equipes passando meses criando documentação e, somente depois dessa documentação extensa, começarem a criar o produto.

 

Depois de um longo tempo preparando a documentação, quando a equipe começa a criar o produto, o cliente decide fazer algumas modificações.

 

A equipe leva meses criando a documentação com todas as funcionalidades e, somente então, começa a criar o produto. Então, o cliente pede para fazer modificações. Que absurdo!

 

A equipe tem que parar a criação do produto e voltar para a documentação para fazer as modificações. E se o cliente pedir mais modificações?

 

Por isso, é melhor que o cliente saiba antecipadamente quais são todas as funcionalidades do produto, meses antes de estar pronto.

 

Essa prática nociva de definir e detalhar o escopo antes de iniciar o desenvolvimento do produto é conhecida como BDUF (Big Design Up Front).

 

Outra forma de criar o produto é em ciclos curtos, dessa maneira, quando o cliente decide fazer modificações, essas modificações são fáceis de serem implementadas no produto. Apesar do produto receber feedback ao longo do desenvolvimento, ele só sofrerá algum tipo de uso real após um longo período.

 

E por que isso acontece? Eu gostaria de saber.

 

Em ambos os casos, o usuário receberá o produto somente no final do projeto ou após a conclusão de uma grande etapa.

 

Dessa forma, investimos muito tempo no trabalho sem obter qualquer retorno, que é esperado apenas como resultado dessa entrega. Não há, no entanto, qualquer garantia de que a entrega realmente atenderá às necessidades dos usuários e, portanto, gerará sequer algo próximo do valor esperado.

 

Somente quando o usuário tem partes do produto é que ele pode nos dar um feedback melhor.

 

Por essa razão, buscamos realizar entregas para usuários reais desde cedo e com frequência.

 

E quando, por exemplo, tomamos decisões equivocadas sobre o produto, esse feedback obtido rapidamente a partir do uso gera transparência sobre o problema e permite correções de rumo.

 

Imagine que uma equipe de desenvolvimento de software esteja criando um aplicativo de delivery de comida. Eles passam meses trabalhando no projeto, planejando todos os recursos e funcionalidades com base em suas próprias suposições e entendimento do que os usuários desejam. Durante todo esse tempo, não há interação com os usuários reais do aplicativo.

 

Finalmente, quando o aplicativo é lançado, descobre-se que muitas das funcionalidades planejadas não são tão úteis ou intuitivas quanto o esperado. Os usuários podem enfrentar dificuldades na navegação, no processo de pedidos ou até mesmo na realização de pagamentos. Essas falhas só são descobertas quando o produto é entregue na íntegra.

 

No entanto, se a equipe adotar uma abordagem ágil como o Scrum, eles buscarão realizar entregas para usuários reais desde cedo e com frequência. Isso significa que eles dividiriam o desenvolvimento do aplicativo em incrementos menores e entregariam partes funcionais para os usuários testarem e fornecerem feedback.

 

Com essa abordagem, se a equipe tomasse uma decisão equivocada em relação a uma funcionalidade específica, o feedback obtido rapidamente a partir do uso do produto permitiria que eles identificassem o problema e fizessem correções de rumo antes que o aplicativo estivesse totalmente concluído. Isso gera transparência sobre os problemas e possibilita melhorias contínuas com base nas necessidades reais dos usuários.

 

Assim, o Scrum busca evitar o cenário em que se investe muito tempo em um trabalho que pode não atender às expectativas dos usuários, permitindo que haja interação precoce e frequente com os usuários, o que leva a um produto final mais alinhado às suas necessidades reais.


Referências:

SCRUM - GESTÃO ÁGIL PARA PRODUTOS DE SUCESSO

Scrum para Escritores